Entrevistas


O Futebol de Mestres traz a você uma entrevista exclusiva com o ex-jogador, atual dirigente esportivo e comentarista Vampeta, ou 'Velho Vamp', como também é chamado. Ele conta ao 'Futebol de Mestres' um pouco mais de sua carreira e opina sobre o futebol brasileiro atual. Confira:


Você foi formado nas categorias de base do Vitória. Como foi seu processo de profissionalização no 
futebol ?
Vampeta: Eu ainda venho de uma época que era muito boa, você podia ir com seu par de chuteiras, fazia seu teste, não tinha essa de levar empresário. Cheguei em 1988 no Vitória, fiz um teste, passei e no ano de 1992 eu subi para o profissional. No mesmo ano fui campeão baiano, em cima do Bahia. Em 1993,  já tinha sido vice-campeão brasileiro da Série B.

Em 1994  você foi vendido ao PSV, da Holanda. Como foi sua adaptação ao país?
V: A princípio foi complicado, você sai do Nordeste (na Bahia) e vai para um país de primeiro mundo, que é a Holanda, viver em outra cultura, outro idioma. Tive mais dificuldade com o idioma, nem tanto o clima e alimentação, isso foi tranquilo, tudo o que vendia nos supermercados da Holanda eu também achava na Bahia. Lá você vai para o treino de terno e gravata, se veste melhor, não como aqui, um pouco mais a vontade.

Usando como exemplo a sua rápida saída do Vitória, por que os jogadores brasileiros são vendidos para a Europa de forma tão prematura?
V: Não tem como né, a gente sempre fala que o Brasil é o país que mais tem jogadores espalhados pelo mundo. O futebol brasileiro é muito rico, apesar da dificuldade que nós estamos atravessando agora. Você vê os jogadores todos saindo e é uma receita para o clube, quando existe uma proposta, os clubes não podem abrir mão daqueles valores. É por isso que se vê tantos atletas novos, que nem surgem aqui no Brasil e já fazem sucesso na Europa e depois você vai saber que é brasileiro. Hoje isso aumentou muito mais, depois da 'lei Pelé'. O jogador fica livre e pode estar se transferindo com 17, 18 anos e as vezes o clube não ganha nada.

Pelo Corinthians você conquistou os títulos brasileiros de 98 e 99, um Campeonato Paulista e o Mundial de Clubes de 2000, dentre outros títulos. Essa boa fase na carreira te levou à seleção brasileira, onde ganhou o penta, em 2002. Como você resume sua relação com o time alvinegro ?
V: É o time que tenho um carinho maior. Comecei no Vitória, mas a minha história foi maior no Corinthians, pela proporção, é a segunda maior torcida do Brasil, o clube mais valorizado do país, então te leva a ser marcado, principalmente depois de todas as conquistas. Me identifico muito mais com o Corinthians do que com qualquer outro clube.

Após sua saída do Flamengo, você citou a seguinte frase: "Eu fingia que jogava e o clube fingia que me pagava". Em relação a atraso de salário, como os jogadores devem reagir à atual crise financeira dos clubes brasileiros?
V: 'Por incrível que pareça, o Flamengo hoje é um time que paga em dia' (Comenta).
Aí é com cada jogador no seu particular, mas é difícil você contar com seus vencimentos no final do mês, e de repente você não recebe. Mas eu acredito que os clubes brasileiros, em um ou dois anos, vão todos se reajustarem e vão estar pagando em dia seus atletas.

Na comemoração pela conquista do penta, em 2002, você saiu dando cambalhotas no Palácio do Planalto. Você acha que, além da competência, a irreverência do futebol brasileiro atual está acabando?
V: Não, mas eu acho que tem que ter um pouco mais de alegria, está tudo politicamente correto. Está faltando jogadores irreverentes e com responsabilidade. Isso que falta até para a própria seleção brasileira.

Em relação ao '7 a 1'. Por que o Brasil deu esse vexame?
V: Porque não jogou nada, não tem outro motivo. Tomaram um vareio de 7 e mancharam o futebol brasileiro para o mundo todo.

Você comanda o Grêmio Osasco Audax desde 2011. Como você está avaliando seu desempenho pelo clube nessa na função de dirigente ?
V: Eu estou mais ajudando mesmo, assino documentos, ajudo a divulgar o Clube. Mas tem pessoas mais competentes, que comandam o clube também e são as principais responsáveis por esse sucesso todo.


"Por incrível que pareça, o Flamengo hoje 
é um time que paga em dia"

O futebol praticado pelo Osasco Audax (sob o comando do técnico Fernando Diniz) encantou a muitos, que diziam “eles jogam ao estilo ‘tiki-taka’ ”, em referência ao time do Barcelona em seu auge. Se um time grande adotasse esse estilo de jogo, você acha que teria mais sucesso e se destacaria dos demais?
V: Acho que não, tomaria mais sustos. É muito complicado você jogar assim. Aqui no Audax a gente dá toda a liberdade para o treinador, mas já pensou a torcida do Flamengo e do Corinthians vendo o goleiro sair jogando, driblando ? É complicado.

"Tomaram um vareio de 7 e mancharam o 
futebol brasileiro para o mundo todo."

Escolha um

Melhor técnico: Mourinho ou Guardiola ?
V: Mourinho

Melhor jogador: Messi ou Cristiano Ronaldo ?
V: Messi

Jogador mais polêmico: Edmundo, Romário ou Vampeta ?
V: Romário


Com 41 anos, hoje Vampeta é comentarista
da 'TV Esporte Mais'.


Leia também: É hexa !!!
Assista: 7 a 1: o jogo dos sete erros
Nossos agradecimentos a TV Esporte Mais pelo espaço cedido, ao Vampeta pelo tempo dedicado a entrevista e ao diretor Nelson Junior pela atenção e auxílio. 

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